


Severa, Destino, Fado. Uma Identidade
À semelhança da palavra Saudade, o Fado é algo único. Algo nosso, português.
Tendo esta forma de expressão tamanha relevância na nossa cultura, o Fado é sem dúvida uma presença na nossa Inspiração.
“Num beco da Mouraria
Onde a alegria
Do Sol não vem,
Morreu Maria Severa.
Sabem quem era?
Talvez ninguém! “ (1)
Maria Severa Onofriana (1820-1846) é a referência, o “mito fundador” que marca o início. Nascida nos Anjos, viveu na Madragoa, e foi na Mouraria que se tornou conhecida. Com a sua irreverência, tornada o ícone de primeira fadista pelos seus amores e pelos fados que cantava, tocava e dançava.
A dolência e a melancolia, tão comuns no fado, teriam sido herdadas daqueles cantos. Cantos esses que se referem à Mouraria e aos seus amores.
O melhor depoimento que lemos foi o de um companheiro seu, Manuel Botas: “Às vezes guardava-se melancólica, nesses momentos cantava com tal sentimento que nos causava funda impressão. Ouvi-a numa ocasião, no café do Bola, à Guia. Era um Fado Dolente, cantando a vida duras das que não têm lar nem alegria, sentia bem o que cantava porque tinha os olhos maranhados de lágrimas” (2).
O Fado canta, chora e fala.
A quebra de fronteiras, que levou este nosso estilo musical aos quatro cantos do Mundo, devemos a Amália Rodrigues (1920-1999). Uma figura ímpar no Fado Português. Como a própria dizia “Eu sou o Fado Liberto”.
A grandeza de Amália estava não só na sua voz, como também na forma como criava e recriava como ninguém, sem nunca deixar a essência do Fado. Desde o seu timbre até à forma como interpretava tornou o seu estilo único. O seu repertório era singular, evoluindo por diversos compositores e poetas, trazendo a grande literatura portuguesa ao Fado.
“Eu canto o fado pra mim
Já o cantei pra nós dois
Mas isso foi no passado
Já que assim é, seja assim
Já me esqueceste depois
Já cada qual tem seu fado
O mais feliz é o teu, tenho a certeza
É o fado da pobreza
Que nos leva à felicidade
Se Deus o quis
Não te invejo essa conquista
Porque o meu é mais fadista
É o Fado Da Saudade”
É inevitável falar de saudade. "Com a saudade não recuperamos apenas o passado como paraíso; inventamo-lo", escreve Eduardo Lourenço.
É nos sintomas da saudade, da melancolia, de dias sem vontade, de mágoa e de luto que o Fado surge. Estados estes que tanto nos caracterizam, como povo, como cultura.
A forma como Amália canta e interpreta a união da ideia de destino e um certo pessimismo sentimental, criou um sentimento Nacional que todos nós, incessantemente, vamos beber sempre que é preciso conforto.
É na essência do Fado que buscamos a nossa inspiração.
O Fado dá voz aos fardos que carregamos numa vida. Convertemos o Fado no nosso suporte. Hoje é ele que segura o nosso ânimo e nos transmite conforto. Criámos os cabides Amália e Saudade como forma representativa e até mesmo num paralelismo, sendo ele o gancho da nossa cultura musical e também da nossa história.
Identidade. Herança. Cultura. Isto é Fado.
E Agora… Silêncio.
Pelas Tradições,
A equipa Inspirações
(1) Letra de José Galhardo e Raúl Ferrão
(2) Livro Fado. Sempre! Ontem, Hoje e Amanhã
Severa, Destino, Fado. Uma Identidade



À semelhança da palavra Saudade, o Fado é algo único. Algo nosso, português.
Tendo esta forma de expressão tamanha relevância na nossa cultura, o Fado é sem dúvida uma presença na nossa Inspiração.
“Num beco da Mouraria
Onde a alegria
Do Sol não vem,
Morreu Maria Severa.
Sabem quem era?
Talvez ninguém! “ (1)
Maria Severa Onofriana (1820-1846) é a referência, o “mito fundador” que marca o início. Nascida nos Anjos, viveu na Madragoa, e foi na Mouraria que se tornou conhecida. Com a sua irreverência, tornada o ícone de primeira fadista pelos seus amores e pelos fados que cantava, tocava e dançava.
A dolência e a melancolia, tão comuns no fado, teriam sido herdadas daqueles cantos. Cantos esses que se referem à Mouraria e aos seus amores.
O melhor depoimento que lemos foi o de um companheiro seu, Manuel Botas: “Às vezes guardava-se melancólica, nesses momentos cantava com tal sentimento que nos causava funda impressão. Ouvi-a numa ocasião, no café do Bola, à Guia. Era um Fado Dolente, cantando a vida duras das que não têm lar nem alegria, sentia bem o que cantava porque tinha os olhos maranhados de lágrimas” (2).
O Fado canta, chora e fala.
A quebra de fronteiras, que levou este nosso estilo musical aos quatro cantos do Mundo, devemos a Amália Rodrigues (1920-1999). Uma figura ímpar no Fado Português. Como a própria dizia “Eu sou o Fado Liberto”.
A grandeza de Amália estava não só na sua voz, como também na forma como criava e recriava como ninguém, sem nunca deixar a essência do Fado. Desde o seu timbre até à forma como interpretava tornou o seu estilo único. O seu repertório era singular, evoluindo por diversos compositores e poetas, trazendo a grande literatura portuguesa ao Fado.
“Eu canto o fado pra mim
Já o cantei pra nós dois
Mas isso foi no passado
Já que assim é, seja assim
Já me esqueceste depois
Já cada qual tem seu fado
O mais feliz é o teu, tenho a certeza
É o fado da pobreza
Que nos leva à felicidade
Se Deus o quis
Não te invejo essa conquista
Porque o meu é mais fadista
É o Fado Da Saudade”
É inevitável falar de saudade. "Com a saudade não recuperamos apenas o passado como paraíso; inventamo-lo", escreve Eduardo Lourenço.
É nos sintomas da saudade, da melancolia, de dias sem vontade, de mágoa e de luto que o Fado surge. Estados estes que tanto nos caracterizam, como povo, como cultura.
A forma como Amália canta e interpreta a união da ideia de destino e um certo pessimismo sentimental, criou um sentimento Nacional que todos nós, incessantemente, vamos beber sempre que é preciso conforto.
É na essência do Fado que buscamos a nossa inspiração.
O Fado dá voz aos fardos que carregamos numa vida. Convertemos o Fado no nosso suporte. Hoje é ele que segura o nosso ânimo e nos transmite conforto. Criámos os cabides Amália e Saudade como forma representativa e até mesmo num paralelismo, sendo ele o gancho da nossa cultura musical e também da nossa história.
Identidade. Herança. Cultura. Isto é Fado.
E Agora… Silêncio.
Pelas Tradições,
A equipa Inspirações
(1) Letra de José Galhardo e Raúl Ferrão
(2) Livro Fado. Sempre! Ontem, Hoje e Amanhã